16 de maio de 2010

When you'll say good bye, I just can say don't cry.

Capítulo 1: The stranger

31 de dezembro de 2006. Ano novo... Velha dor, há quase um ano. Aqui iamos nós de novo. Eu estava parado na janela, sem nenhuma expectativa para o novo ano. A vida continuou sem ele, mas não era a mesma coisa. E agora eles me dizem que alguém vai substituí-lo... Ele não pode ser substituído. Acendi um cigarro, tentando me concentrar mais na fumaça que em meus pensamentos. Eu estava conseguindo, até que o maldito telefone tocou e é claro que era o Martin.
- Cara, cadê você? São dez da noite e estamos te esperando há quase uma hora.
- Eu já disse que eu não vou...
- Combinamos ontem que você viria.
- Mudei de idéia. - Respondi apático, eu achei que estava melhorando, mas desde novembro estou assim... Mais uma vez.
- Olha, não quero saber, London. Tô indo aí te buscar.
E desligou sem me deixar falar. Ele estaria no meu apartamente em minutos, todos eles talvez. Eu gosto deles, man, só eu sei como gosto, mas aquele não era um bom dia. Terminei de fumar meu cigarro e fiquei deitado no sofá, esperando, rezando para pegar no sono e não acordar nunca mais. Ou acordar há um ano atrás e ter sido menos egoísta, ter prestado atenção nele... David, porra... Ouvi a campainha tocar. Uma, duas, três vezes, quase frenéticamente e aquilo estava me deixando surtado. Levantei rápido e abri a porta de forma grosseira.

11 de maio de 2010

Bang, Bang...


Ele ouviu um barulho no corredor e se encolheu na cama, fechou os olhos, levando as mãos até os ouvidos, ele não acredita em Deus, mas estava rezando para alguém, sentia medo acima de tudo, sentia-se sujo e vazio. Consumido por um sentimento falso.
- Bang bang, he shot me down... - Ouvia-se aquela voz rouca vinda do corredor.
- Bang bang, I hit the ground... - Completou sussurrando. Eram soluços, quase choro. Conseguia ouvi-lo mesmo com os ouvidos tapados. Ouviu o barulho da maçaneta girando, barulho que antes o deixava com frio na barriga. Mas seu ventre já estava congelado desta vez, e seu coração parecia estar parando. Encolheu-se mais, tentando proteger-se de algo... De si mesmo.
- Bang bang, that awful sound. - Mais alto. A porta se abriu e ele viu o garoto coberto de sangue com o revólver ainda nas mãos. Lágrimas secas enfeitavam aquela face que um dia lembrava a de um anjo. E um sorriso.
Aquele era o fim, o frio congelava por fora e por dentro. Ele se aproximou da cama, deixando a lâmida ao lado do menor que parecia estar chorando. Segurou-o pelos pulsos, o que fez com que ele o encarasse finalmente. Afastou os lábios para falar. - Shhhh... Os lábios se colaram em um beijo intenso, ambos desejavam isso apenas mais uma vez, o último beijo, beijo da morte. O mundo girou mais rápido, os lábios se afastaram porém ainda roçavam-se um no outro.
- Bang bang, my baby shot me down. - Sussurraram um contra os lábios do outro, ambos de olhos fechados, tendo então as cabeças perfuradas pela última bala daquela arma.
Dois corpos sobre o chão sujo, molhado, gelado. Sujeira por sujeira, não faria nenhuma diferença.


S. Zombie.
Música: "Bang Bang" por Nancy Sinatra.